A novela “A Viagem”, escrita por Ivani Ribeiro, marcou época na televisão brasileira ao abordar temas como espiritualidade, reencarnação e os desafios enfrentados pelas almas após a morte. Um dos núcleos mais impactantes da trama foi o do Nosso Lar, local onde os espíritos desencarnados do bem se reuniam para encontrar paz e orientação. Com a recente reapresentação da novela no programa “Vale a Pena Ver de Novo”, muitos telespectadores se perguntaram: o que aconteceu com os artistas que deram vida a esse universo espiritual?
O ator Lafayette Galvão, que interpretou André, o mentor do Nosso Lar, teve uma carreira sólida na televisão brasileira. Estreou na Globo em 1965 e, além de atuar, chegou a escrever a novela “Sinhazinha Flô” em 1977. Sua última participação em novelas foi em “Malhação ID” em 2009. Lafayette faleceu em 7 de junho de 2019, aos 87 anos, devido a complicações de uma sépsis pulmonar. Sua contribuição para a dramaturgia brasileira permanece viva na memória dos fãs.
Rejane Goulart, que interpretou Júlia, esposa de Otávio, também teve uma trajetória distinta. Antes de se tornar atriz, foi eleita Miss Brasil em 1972 e ficou em segundo lugar no Miss Universo do mesmo ano. Ela estreou na televisão no humorístico “O Planeta dos Homens” em 1977 e nas novelas na primeira versão de “Ti-Ti-Ti” em 1985. Após “A Viagem”, participou de outras produções, mas afastou-se da televisão nos anos seguintes. Rejane faleceu em 26 de dezembro de 2013, aos 59 anos, após sofrer um AVC.
Arey Júnior, intérprete de Samuel, teve uma carreira curta na televisão, com participações em “Anjo de Mim” em 1996 e no cinema em 2003, com os filmes “Carandiru” e “Apolônio Brasil, Campeão da Alegria”. Após 2013, Arehy mudou de trajetória profissional, tornando-se corretor de imóveis, carreira que segue até os dias atuais.
Mylla Christie, que viveu Carlota, teve uma carreira de destaque em novelas como “Meu Bem, Meu Mal” (1990), “Deus nos Acuda” (1992) e “Senhora do Destino” (2004). Após “A Viagem”, afastou-se das novelas e tornou-se corretora de imóveis de luxo, abrindo uma imobiliária em São Paulo junto com o marido, o empresário Tutu Sartori. Apesar da nova empreitada, Mylla garante que não abandonou a carreira artística.
Kiko Mascarenhas, que interpretou Daniel, tem uma extensa carreira no teatro, onde já recebeu diversos prêmios desde os anos 1990. Nos últimos anos, participou de produções como “A Escolinha do Professor Raimundo” (2015), “O Tempo Não Para” (2018) e “Éramos Seis” (2019). Em 2022, teve destaque como Bob Wright na novela “Caminho das Índias”. Kiko continua ativo na cena cultural brasileira, contribuindo para o enriquecimento da dramaturgia nacional.
Léa Garcia, que interpretou Dona Eulália, iniciou sua carreira na televisão em 1952 e se consagrou ao ser indicada ao prêmio de melhor interpretação feminina no Festival de Cannes em 1957 por sua atuação no filme “Orfeu Negro”. Ela estreou na Globo em “Assim na Terra como no Céu” (1970) e fez inúmeros trabalhos na emissora a partir daí. Léa continua sendo uma referência na atuação brasileira, com uma carreira que atravessa décadas e gerações.
O legado dos artistas que integraram o núcleo do Nosso Lar em “A Viagem” vai além de suas atuações na televisão. Eles contribuíram para a construção de uma narrativa que tocou o coração de muitos brasileiros, abordando temas profundos e universais. Suas trajetórias pessoais e profissionais refletem a diversidade e a riqueza da arte brasileira, mostrando que a televisão é apenas uma das muitas formas de expressão e contribuição para a cultura nacional.
Em um mundo cada vez mais digital, é importante lembrar e valorizar os artistas que, com seu talento e dedicação, ajudaram a moldar a história da televisão brasileira. O legado desses profissionais continua vivo, não apenas nas reprises de suas obras, mas também na memória afetiva dos telespectadores que acompanharam suas trajetórias. A arte, em suas diversas formas, tem o poder de eternizar momentos e emoções, conectando gerações e preservando a cultura para o futuro.
Autor: Carye Adorellan