O Papa Leão XIV assumiu um papel decisivo na discussão global sobre a inteligência artificial, colocando a regulação dessa tecnologia como uma de suas prioridades no Vaticano. Logo após sua eleição, o pontífice destacou que o avanço acelerado da inteligência artificial representa um dos maiores desafios para a dignidade humana no século XXI. Para Leão XIV, é essencial que a humanidade encontre respostas rápidas e eficazes para os riscos que a inteligência artificial pode trazer, principalmente para os mais vulneráveis da sociedade.
Com formação em matemática e uma familiaridade maior com tecnologia do que seus predecessores, o Papa Leão XIV vê na inteligência artificial um fenômeno que exige uma atenção especial da ciência, da política e da ética. Segundo ele, a inteligência artificial não pode evoluir de forma descontrolada, sem que haja um controle rigoroso para garantir que seu desenvolvimento respeite os direitos humanos e não prejudique a justiça social. Essa postura reforça a visão do Vaticano de que a inteligência artificial deve ser regulada para proteger a dignidade e o bem-estar de todas as pessoas.
A tradição histórica da Igreja Católica, marcada pela defesa dos direitos sociais desde o século XIX, serve de base para a atual posição do Papa Leão XIV. Inspirando-se em seu antecessor Papa Leão XIII, que enfrentou os desafios da Revolução Industrial ao defender os trabalhadores, Leão XIV quer liderar uma “revolução digital” que preserve a justiça social diante dos impactos da inteligência artificial. Essa continuidade histórica destaca a importância de equilibrar progresso tecnológico com responsabilidade social, um tema central na doutrina social da Igreja.
O diálogo do Vaticano com as maiores empresas de tecnologia nos últimos anos mostra a relevância crescente da inteligência artificial no debate ético global. Líderes de gigantes da tecnologia têm se reunido com representantes da Igreja para discutir os impactos da inteligência artificial, embora nem sempre haja consenso. Enquanto o Vaticano busca uma regulamentação internacional vinculante para a inteligência artificial, muitas dessas empresas preferem aderir a diretrizes éticas voluntárias, um impasse que dificulta a criação de políticas globais efetivas.
O Papa Leão XIV também alerta para os perigos específicos da inteligência artificial, como a concentração de poder nas mãos de poucas corporações e a substituição de relações humanas por máquinas, afetando especialmente crianças e jovens. A inteligência artificial, apesar de seu potencial para áreas como saúde, educação e até evangelização, não deve ser vista apenas como uma ferramenta neutra. O pontífice enfatiza que a inteligência artificial precisa ser regulada para evitar que algoritmos e sistemas autônomos excluam parte da humanidade ou promovam injustiças.
A influência da Igreja na discussão sobre a inteligência artificial ganhou ainda mais força com a morte do Papa Francisco, que já havia iniciado o debate sobre a tecnologia, especialmente focado na inclusão digital dos mais pobres. Leão XIV, por sua vez, amplia esse enfoque e cobra respostas concretas para os riscos éticos e sociais da inteligência artificial, buscando consolidar uma agenda que possa impactar políticas públicas e regulações globais.
O compromisso do Vaticano com a inteligência artificial ética se manifesta também no apoio a pactos como o Rome Call for AI Ethics, que reúne empresas dispostas a se comprometer com princípios que garantam o respeito à privacidade, a não discriminação e a transparência no desenvolvimento da inteligência artificial. Contudo, o desafio permanece para convencer outras grandes empresas a aderirem a esses acordos, reforçando a importância da atuação do Papa Leão XIV para pressionar por regras claras e eficazes.
O futuro da inteligência artificial sob a liderança do Papa Leão XIV passa pela necessidade urgente de regular essa tecnologia que já impacta diversas áreas da vida humana. Para o pontífice, a inteligência artificial não pode ser demonizada, mas deve ser regulada para garantir que seu avanço não comprometa a dignidade, a justiça social e a humanidade de cada indivíduo. A grande questão permanece sobre quem terá a autoridade e responsabilidade para regular a inteligência artificial, um desafio que a Igreja Católica pretende enfrentar com determinação.
Autor: Carye Adorellan